sábado, 30 de maio de 2009

Resumo de “Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental” (do cap. IX ao final)

Grupo: Clarissa Siqueira, Monalisa Brito, Mônica Gominho, Vanessa Cortez e Gilberto.

No momento em que o mundo presenciava as Grandes Guerras, um grupo ia além dessa presença, registrava os momentos que formaram esse acontecimento e indicavam a população como pensar diante desses fatos. A fotografia era mais que uma utilidade factual, ela propiciou que muitos “corajosos” para época fixassem esses fatos no pensamento das pessoas. Nesse período, a fotografia tinha limitações impostas pelos “donos” do poder, pois sabiam que fotografar era muito mais que enquadrar um momento e transpor para outros olhares. Era por isso que a liberdade que cabiam aos registros era isolada no objetivo de formatar na população mundial um pensamento bom e de acordo com as Guerras. Heroísmo, grandes aviões e os ditadores como bons feitores para os países, faziam parte da trajetória de fotografias desse tempo.

Com as guerras os recursos e as ideologias sobre a fotografia foram se mesclando, por meio da mistura dos povos devido às migrações. Assim, muitos nomes da fotografia foram revelados e outros consolidados, após esse tempo sangrento. Nomes como Cartier-,Bresson, Werner Bichof eEugene Smith fazem parte do processo de liberdade e novas idéias para a fotografia. Com o recurso já utilizado referente ao colorido das fotos, muitas áreas são desenvolvidas como a publicidade e os paparazzi, fio de utilidade que prolongou com o tempo. Surge o freelance e o fotodocumentarismo vai ganhando inovações nos olhares. As tendências presenciadas nas fotografias atuais recorrem dessa época, através do olhar da fotografia humanista, a de livre expressão e a foto como “verdade interior” do fotógrafo. O natural para o mundo de quem faz e do crescimento da fotografia está sendo inovar e experimentar sob os caminhos e idéias que propiciaram uma consolidação do meio e uma nova forma de perceber, olhar e registrar os momentos do mundo, dos lugares e, principalmente, das pessoas.

A Magnum

A criação da agência de fotografias Magnum foi um marco para o fotojornalismo. Em 1947, como uma cooperativa, os fotógrafos conseguiram pela primeira vez ter a propriedade dos negativos, o direito à assinatura do trabalho, do controle da edição de fotos e organização para trabalhar livremente em projetos paralelos.

The Family of Man

Exposição itinerante organizada por Edward Steichen que relançou o fotojornalismo, antes morto pela estética comercial dos anos 50. Essa iniciativa levou a fotografia abrir-se a novos temas da realidade social, como drogas ou prostituições. Fotos humanistas sobre a vida na terra.

1958: Frank e Lés Americans

Lés Americans é um fotolivro de Robert Frank. Considerado um dos livros de culto da fotografia no século XX o fotografo renuncia a objetividade do olhar e revoluciona ao transmitir significados não pré-estabelecidos. Frank é diferente, pois não se concentra em acontecimentos, ele organiza um ensaio que chegam ao limite de não ter em si um sentido que não seja apenas o que o observador queira dar. Enquadramentos? Besteira, ele era instintivo. Às vezes olhava pelo visor da máquina, outras vezes não.

A segunda revolução no fotojornalismo

A segunda revolução do fotojornalismo acontece a partir dos anos 60. A televisão é a novidade e as revistas, antes bastante consumidas, tornam-se um segundo plano na mídia internacional. E apenas no final dos anos 70 é que as revistas voltam ao gosto popular com grandes fotos coloridas e chamativas.
O uso das cores na fotografia vem influenciado pela TV. Rapidamente surge também o fotojornalismo industrial, que estabiliza nas empresas estereótipos, como o político, o empresário...

Com a criação das agências americanas faz com que os franceses reajam a combatam o domínio americano. Surgem cooperativas mundialmente conhecidas como a Associated Press e a Reuter. Ainda em Paris há o aumento do interesse dos estudos teóricos em fotografia e a criação de cursos superiores na área.

7. A FRANÇA E O FOTOJORNALISMO, DOS ANOS 50 AOS ANOS 70
Na década de 50 o surgimento de quatro agências na França (Europress, Apis, Reporters Associes e Dalmas) transferiu o centro do fotojornalismo, que antes era em Nova York, para Paris. Este foi um marco importante para descentralizar o fotojornalismo das agências.

No começo da década, as agências exigiam a adaptabilidade dos fotógrafos. Eles não escolhiam as fotos, não ficavam com os negativos, não tinham nenhum tipo de autonomia com o trabalho por eles realizado. Foi apenas com o surgimento da nova geração de Agências, a Gamma, Sygma e Sypa, que os fotógrafos começaram a ter certa autonomia, como respeito ao direito autoral e posse dos negativos.

8. GUERRA DO VIETNÃ

Segundo o autor, a fotografia teve um papel mais importante do que a TV na guerra do Vitnã, que foi um fato extremamente importante para a opinião do fotógrafo. Surgiu ai a foto-press, que significa justamente a opinião de um fotojornalista. Uma outra denominação e forma de fotografar que ficou em evidência foi o foto-choque. Retratava o sensacionalismo da guerra. A guerra teve alguns fotógrafos famosos, foram eles: Dom McCullin, Larry Burrows, Gilles Caron, Catherine Leroy ou Philip Jones Griffths.

9. ALGUNS FOTÓGRAFOS DA GUERRA FRIA

- Don McCullin Era um perfeccionista formal. Mostrava meticulosa e cruamente o horror.

• Philip Jones Griffiths: Autor do fotolivro Vietname Inc.. A foto mais famosa é a que prisioneiros são ligados uns aos outros por cordas no pescoço;
• Larry Burrows: É acusado de ter estragado o filme de Robert Capa, da Guerra da Normandia. Metódico e chegava a esboçar a foto que pretendia tirar, além de ter usado um termocolorímetro na cobertura da guerra.
• Koudelka: Fotografou o esmagamento da Primavera de Praga, sem recorrer a estética do horror.

• Lee Friedlander: Concentra-se nos espaços urbanos, porém, dar um ar de esquisito nas coisas que nos parecem simples. Tendo assim, o observador, a interpretar de um jeito particular.

• Susan Meiselas: Realizou na Nicarágua foto-reportagem cheia de ação que se diferencia pelo uso simbólico da cor. Realizou um trabalho com strippers durante três anos observando o comportamento das jovens mulheres.

• James Nachtwey: Partilha com Capa a proximidade da ação e o fato, sobretudo,de ser um fotografo de guerra. Não ligava muito para composição, a idéia era demonstrar a brutalidade dos conflitos.
• Yves – Guy Berges: Tornou-se conhecido quando fotografou a guerra da independência argelina. trabalhou na Gamma, Sygma, France-Soir e no Le Fígaro.

O conceito de documentalismo fotográfico na contemporaneidade é tão abrangente que permite a inclusão no gênero de uma grande multiplicidade de fotógrafos. O documentalismo atual retrata aspectos que vão desde o compromisso social de humanistas como Sebastião Salgado até o humor subjacente de Nick Waplington.

A terceira Revolução do Jornalismo

A terceira revolução do fotojornalismo tem por cenário, o ambiente conturbado dos anos oitenta e noventa. Expansão da democracia, multipolaridade, globalização, novas tecnologias, estética da velocidade. As relações do mundo e dentro do mundo se reconfiguram e trazem a tona novas possibilidades e discussões de redefinição de fronteiras éticas dentro do universo do fotojornalismo. A foto-choque perde lugar em privilégio do glamour, da foto-ilustração, do institucional.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental - Jorge Pedro Sousa - Capítulos I a XIII

Resenha do Livro - "Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental"
Autor: Jorge Pedro Sousa
Alunos de Fotojornalismo Unicap
Carlina Prestrello
Glauber Lemos
Inalda Thais Costa
Luciano Lima
Natália de Petribú


Em “Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental”, Jorge Pedro Sousa, conhecido e renomado intelectual português com estudos abrangentes aos diversos campos desta atividade, encara a difícil e instigante tarefa de analisar, à luz da razão, a história do fotojornalismo ocidental. Não se trata de uma simples descrição dos percursos da fotografia até o estado de “ente jornalístico”, mas sim de um trabalho de história social, em que a crítica assume o comando da interpretação do uso das técnicas de retratar em imagem acontecimentos históricos ao longo do século.
Tem-se, com isso, a busca intensa por uma amálgama entre condições objetivas e subjetivas da práxis do fotojornalismo. Essas condições são expressas, na obra de Pedro Sousa, tanto por uma detalhada e interessante evolução das técnicas fotográficas, do invento de Daguerre ao advento da indústria cultura, quanto por uma preocupação constante em deixar claro para o leitor que a fotografia não é composta apenas de elementos estéticos e de técnica, mas de interpretação subjetiva tanto de quem produz a foto quanto de quem a recebe como produto jornalístico e/ou artístico.
Desde o século XIX, quando em 1842 tem-se o registro de uma imagem impressa e veiculada em jornal de um desenho feito a partir de uma fotografia, percebemos a importância e a relevância da imagem, sobretudo da imagem fotográfica, para as publicações jornalísticas. Em tempos de jornalismo de opinião, quando a notícia ainda não era o principal produto dos jornais e configurava-se na Europa e nos Estados Unidos uma esfera pública burguesa, a fotografia era vista de forma estereotipada, sendo, portanto, uma mídia pouco presente nos jornais impressos.
A grande mudança ocorre nos Estados Unidos, quando fotos de conflitos bélicos em disputas territoriais com o México passam a ser divulgadas. Contribuindo para este desenvolvimento, passa-se a ter, a partir da segunda metade do século XIX, uma maior possibilidade de prática fotográfica, devido sobretudo ao surgimento de câmeras menores (mas ainda assim muito grandes). Ainda assim, a fotografia permanece constantemente relegada ao retrato. Somente no século XX, com a criação da candid photography por Erich Solomon, é que a fotografia ganhará o impulso necessário para a constituição do fotojornalismo como o conhecemos.
Outro fator de importância para a popularização do fotojornalismo no ocidente foi o interesse cada vez maior do público leitor e dos meios de comunicação nos grandes conflitos. A Primeira Guerra Mundial arrastou para a batalha, além de milhares de soldados, centenas de fotógrafos que arriscavam-se à procura de imagens de qualidade para ilustrar os periódicos daquela época. Segundo ilustra Jorge Pedro Sousa, é nesse período que os grandes jornais e revistas passam a ter seus textos ilustrados por fotografias que, mais do que simplesmente complementar as notícias com imagens dos fatos, devem ser dotadas de relevância para acrescentar aos textos detalhes importantes dos acontecimentos. Revistas como a Vu (francesa), Bild (soviética) e a The Illustrated London News (inglesa) e jornais como o The New York Times (americano) desenvolveram-se ao mesmo tempo em que popularizaram o fotojornalismo.
O advento do século XX trouxe-nos uma nova forma de encarar a sociedade ocidental. A técnica e a razão instrumentalizada triunfaram. A linha de produção nas fábricas modernas de automóveis metaforizava exatamente os novos significados das sociedades modernas. O mercado de bens simbólicos deixava suas características artesanais para trás e transformava-se em uma indústria cultural. Em meio a este turbilhão de acontecimentos, o fotojornalismo passou por mudanças significativas. Tornou-se cada vez mais expressivo o número de empresas jornalísticas que, para continuar concorrendo, viam-se obrigadas a creditar uma maior valorização ao uso de fotografias em suas matérias. Ademais, fotos de destaque retratando grandes fatos fizeram com que um número considerável de pessoas optasse pela fotografia como uma atividade de caráter jornalístico, em detrimento das atividades artísticas relacionadas à fotografia.
Esse conjunto de fatores, por conseguinte, propiciou a ascensão de um conjunto de fotógrafos que, a partir dos espaços abertos por Erich Solomon, tornaram-se profissionais de maior destaque e fizeram da profissão de fotógrafo uma atividade autoral e reconhecida. Como cita Sousa, em determinadas sessões do parlamento inglês não poderiam começar sem que houvesse, no local, a presença de um fotógrafo para retratar a importância dos acontecimentos que ali estavam por ocorrer.
Se, por um lado, o fotojornalismo passou a ser considerado atividade importante por aqueles indivíduos que tornavam-se notícia, por outro, condicionou o destaque histórico de figuras como os fotógrafos, , Heri Cartier-Bresson, Robert Capa e Margaret Bourke-White, que, a partir da década de 1930, contribuíram para o desenvolvimento do fotojornalismo no ocidente.

Fotografia e História - Boris Kossoy

Resumo (cap. 1 ao 4) do trabalho apresentado pelo grupo D: Amanda Cordeiro, Grace Kelly, Maria Isabel, Rafael Tompson, Sarah Werner e Thaíla Correia

Com a Revolução Industrial, o mundo começou a desenvolver as ciências, e a fotografia foi uma delas. A priori, ela se fez presente nos Estados Unidos no século XIX, como nos grandes centros europeus, forma de instrumento de apoio à pesquisa e expressão artística. Fotos costumavam retratar costumes, monumentos, mitos, mas o tempo, felizmente, acabou por reconhecê-la não só como criação artística, mas também como registro documental, que revela informações e emoções.

Boris Kossoy, em seu livro Fotografia e História, leva em consideração diversas características que revelam ângulos inovadores para a análise de uma fotografia. Kossoy faz considerações sobre o tempo – e a importância desse para o reconhecimento da imagem dentro de um contexto histórico; ele revela a influência exercida pelo fotógrafo como criador – e acaba por considerar esse e sua criação como um binômio indivisível; enfim, ele parte de uma instituição comum, como há muito tempo foi considerada a fotografia, para um mundo particular visto através dos olhos do criador da imagem e do olhar crítico de espectadores passivos ao ato de captação da mesma.

O autor tem a sensibilidade de perceber a importância de um registro fotográfico e eleva esse a um caráter de registro histórico. Segundo ele, este registro pode ser considerado através de uma trajetória em que uma fotografia deve percorrer, onde a intenção do registro, a materialização da foto e os caminhos por ela percorridos constituirão sua estória. Além disso, pode-se captar no livro outros estudos os quais podem parecer totalmente alheios à fotografia, mas que a ela são agregados como forma de conhecimento de suas intenções e propósitos.

Na leitura destes primeiros quatro capítulos do estudo realizado por Kossoy, foi possível notar o quanto, ainda hoje, reduzimos a fotografia ao simples ato de captar imagens – sejam elas particulares ou de cunho oficial – apesar dos muitos limites – técnicos e físicos – já superados. O que o autor tenta nos mostrar é o que se pode realizar com uma ferramenta de alta carga informativa, visual, histórica, e através disso, nos ensina a verdadeira arte de fotografar não só objetos, pessoas, lugares, mas de registrar emoções, visões de mundo, expressões de arte individual, de forma a fazê-los atravessar a história, principalmente, como registro de seres que viveram a história.

Boris Kossoy - Fotografia e História

Grupo: Adriana Barros, Daniele Goes, João de Souza, Mª Cláudia Dubeaux, Jonara Medeiros e Pedro Neto

ICONOLOGIA: CAMINHOS DA INTERPRETAÇÃO

Se a imagem fotográfica é fonte de recordação e emoção, ela permite ao indivíduo ser intérprete de sua própria história. Uma reflexão sobre o significado da fotografia na vida cotidiana das pessoas permite enxergá-la de três maneiras: recordação do passado; conteúdo emocional e passagem do tempo. Isso deixa marcas na memória, na medida em que relembra as trajetórias pessoais, desde acontecimentos corriqueiros até momentos importantes. Sendo assim, a fotografia marca uma experiência visual do homem diante de si mesmo.

A fotografia contém informações congeladas em um determinado momento, espaço e ponto de vista. Contém uma carga de veracidade aceita antes mesmo de ser tirada. Como não possui montagem a princípio, tem um caráter de exatidão e realidade muito forte. Atribui-se à fotografia a qualidade de registro histórico enquanto expressão da verdade. O registro pode ser de pessoas, com suas maneiras e expressões; construções; ruas; natureza etc.

O fotógrafo é ao mesmo tempo criador e registrador do tema escolhido. O cliente ou contratante é aquele a que confia a missão ao fotógrafo. No caso de uma empresa, há a determinação editorial para direcionar o que deve ser veiculado. Os receptores estão indiferentes ao momento específico dessa produção; apenas deles se aguarda a reação/emoção demonstrada ao visualizar o conteúdo exposto na foto.

A fotografia mostra apenas um aspecto determinado da realidade. Sua criação pode passar pela manipulação técnica, estética ou ideológica. Mesmo antes do registro fotográfico existe manipulação, uma vez que o fotógrafo escolherá como, onde, por que, o que registrará com sua câmera. Além disso, passará pelo laboratório, onde pode sofrer alterações deliberadas no momento da revelação e/ou após a finalização, quando há chances de sofrer edição.

A necessidade de se perpetuar a imagem faz o homem querer admirar a si mesmo, criando uma auto-ilusão de haver, quem sabe, posterior admiração, seja por si mesmo, seja por outros. Isso dá ao ser humano a possibilidade de criar máscaras. Uma nova realidade é forjada através de elementos pré-fotográficos: estúdio, decoração, montagem de cena. O fotógrafo torna-se, então, cúmplice do cliente, havendo reciprocidade entre ambos.

A relação fotógrafo-cliente é diferente da relação fotógrafo-conteúdo da fonte. Isto é, o fotógrafo de pose é diferente do fotojornalista. Este último dedica o trabalho ao território urbano, campos, natureza, tipos humanos, guerras etc. A forma como isso se registra pode depender muito de para quem o fotógrafo trabalha. Portanto, vai depender do interesse de determinados grupos. De uma forma ou de outra, o fotojornalismo orienta a leitura do receptor, por isso o fotógrafo serve de filtro cultural, já que altera a informação original de alguma maneira. Ainda assim, não elimina a possibilidade de um paradoxo: um signo fixo (imagem parada) que permite múltiplas interpretações.

Quando partimos para a questão da interpretação, podemos ser ousados e direcionar o pensamento para muito além do que a imagem mostra “literalmente”. Devemos observar as “entrelinhas” da imagem, as particularidades além do que se vê. As palavras exigem certo tempo para serem entendidas quando se trata de concluir raciocínios. À fotografia basta um passar de olhos. Ela já está completa em si mesma, em largura e altura. A profundidade quem cabe dar é o receptor.

A interpretação é o que permite diferenciar o fotojornalismo da fotopublicidade, muitas vezes mascarada de jornalismo apenas para promover instituições ou ideologias oriundas de interesses subalternos. Mas, o que pesa é sempre a ideologia. Ela determina os mecanismos de produção e os princípios da representação.


INVESTIGAÇÃO E INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA À LUZ DO CONTEXTO SOCIOCULTURAL

A fotografia está inserida definitivamente na história cultural. Ela se faz presente como meio de comunicação em todas as atividades humanas. Reúne conteúdos múltiplos de informações da realidade selecionada.

Inserem-se no mundo de maneira que “sejam apenas relatos superficiais”, denominando-se históricas. E que não passam de meros levantamentos de nomes de fotógrafos, ilustradores com imagens do passado. Registro da história.

Nas últimas décadas, a fotografia viveu um processo de revalorização, passando a ocupar espaços cada vez mais importantes como paredes de museus, galerias especializadas, introdução de novas publicações, disseminação de seu ensino e pesquisa, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Fotografias de épocas mais afastadas, e também contemporâneas passaram a ser procuradas e respeitadas: criava-se um mercado. Na América Latina, somente a partir dos anos oitenta, as pesquisas de cunho científico começaram a ser encetadas, conscientizando o poder público e as instituições privadas. Aos poucos a foto se tornou um vício, uma maneira de se conhecer o mundo através do visual.

Os aparelhos, que antes eram caros e de difícil manuseio, tornam-se a cada dia mais práticos.Com isso, todo mundo pode ser fotógrafo, seja amador ou profissional. As fotos também passaram a ser usadas no campo jornalístico e publicitário, muitas vezes visando manipulação e persuasão. As pinturas impressionistas e os movimentos vanguardistas que se seguiram a Primeira Guerra Mundial usaram a influência da fotografia de forma positiva.

O conjunto desse trabalho, entretanto, não se constitui no objeto da história da fotografia. Não é apenas o acontecimento em si que é a meta a ser recuperada. O que interessa é o pensamento que levou o homem a determinada ação. Buscar as origens psicológicas que deram origem aos acontecimentos.

A história da fotografia é a história dos seus usos, e técnicas e fotografias, porém é necessário compreender a profundidade dessas aplicações. A história, assim como a verdade, tem múltiplas facetas e infinitas imagens.

Fotografia é memória, mas tem um grande peso histórico. As fotografias e seus autores vão passar; mas fotos permanecem e permitem entender nossos precursores e os métodos utilizados para capturar um momento e eternizá-lo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Resumo "Boris Kossoy: Fotografia e História"

Trabalho realizado pelos alunos: Cyntia Ventura, Gabriel Marquim, Julliana Araújo, Marcella Malheiros e Paulo Floro. 2009.1.

Boris Kossoy: fotografia e história

A fotografia surgiu em meio a um polvoroso cenário de transformações e mudanças sociais, econômicas e culturais provocado pela Revolução Industrial, e instigou um consumo massivo de sua técnica. Encontrou-se na imagem fotográfica um meio catalisador de expressão cultural, já que é uma necessidade humana a reprodução de fragmentos do mundo visível, como feita nas pinturas rupestres, por exemplo.

A partir do século XIX, o que antes era feito apenas manualmente, passou a poder ser obtido através de reações químicas da ação direta da luz em uma superfície sensibilizada. O que não impossibilitou o artista de reger o ato ou comandar o processo de criação, como explica o autor. A escolha de um aspecto determinado, o tratamento estético, a preocupação com a organização visual dos detalhes que compõem o assunto, bem como a tecnologia empregada, são elementos que mostram a atitude do fotógrafo e seu estado de espírito diante do fato.

Isso mostra os três elementos primordiais para a realização de qualquer foto, e podemos estabelecer a formulação: ASSUNTO/FOTÓGRAFO/TECNOLOGIA = FOTOGRAFIA. FOTÓGRAFO/TECNOLOGIA = FOTOGRAFIA. Num determinado momento histórico, com um determinado contexto social, econômico, religioso, artístico, o fotógrafo se sente motivado a registrar aquela fração da realidade através do seu congelamento visual, que dá origem à materialização da imagem.

A partir dessa materialização, chegamos, então, a uma questão de grande relevância para a fotografia: o seu estudo e o seu uso para o estudo. Quando se pesquisa a história de um povo, sabe-se que existe a necessidade de fontes documentais sobre cada época. O fazer cultural e a própria dinâmica da sociedade estudada precisa ser conhecida como ela mesma se reconheceu.

Dessa forma, a fotografia agrega-se a materiais como jornais, diários e outros documentos tangíveis para a leitura, entendimento e interpretação de um dado momento. No caso do Recife, por exemplo, são as fotos que nos dão a possibilidade de entendermos como era a configuração urbana da cidade no início do século XX, com a novidade das pontes de aço.

Mas ainda se dá pouco valor à fotografia como recurso histórico. Esse fato é discutido pelo autor no decorrer dos capítulos, e ele enumera as razões fundamentais para a necessidade de um cuidado e estímulo à investigação dos trabalhos fotográficos. Abaixo, reproduzimo-as:

. para que se possa estabelecer uma cronologia desses fotógrafos e seus sucessores, e assim obter um mapeamento da atividade nas diferentes regiões e períodos;
. para que se tenha um contato abrangente e familiarizado com os artefatos fotográficos do passado, a diversidade temática, os estilos e as tecnologias empregadas em diferentes períodos;
. para se obter um mapeamento da documentação fotográfica existente, através do levantamento dos acervos fotográficos públicos e privados.

No estudo da precedência e trajetória do documento fotográfico, Kossoy se debruça sobre o que ele chama de “procedência científica do achado”, procedimento que tem por objetivo registrar com exatidão técnica a origem da fonte. Com essa investigação, os documentos, monumentos e objetos produzidos pelo homem têm uma história, um valor autônomo da obra de arte, refutando a visão do senso comum de que fotografia mostra simplesmente uma cena passada, irreversível e congelada na imagem. Ela é um “documento da história da sensação, do gosto e do pensamento”.

Em outra ramificação de seus estudos, o autor propõe a “dupla linha de investigações”, que busca reunir uma série de elementos para, num segundo momento, através da interpretação mais profunda do documento, “alcançar o sentido maior da fração da vida representada naquilo que ela não tem de visível fotograficamente”.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um relato sobre a história do Fotojornalismo

Baseado no livro "Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental" de Jorge Pedro Sousa

Em essência, a história do fotojornalismo é algo, por vezes, paradoxal quanto aos conceitos. Tensões e rupturas entre objetividade e subjetividade estão presentes a todo momento. Se em determinada época existia uma supervalorização da estética, em outras há a do valor notícia. Essas tensões se fazem presentes também nas interpretações.
O Fotojornalismo necessitou de processos de reprodução para se desenvolver e isso aconteceu ao logo do século XIX. Papel, lápis, caneta, pincel e tintas para desenhar se somaram a madeira, por exemplo, para criar gravuras. Em 1842, uma imagem veiculada em um jornal foi desenhada a partir de uma fotografia, porque ainda existiam preconceitos sobre a mídia fotográfica e questionamentos estereotipados sobre a sua importância para o impresso.
Nos EUA, a primeira fotografia de um acontecimento público foi realizada em 1844. A guerra americano-mexicana (1846-1848) foi a primeira em que os jornais enviaram correspondentes e a ter fotos veiculadas No ano de 1854, pela diminuição dos preços, começou a ser praticada a fotografia de retrato, que hoje é Mass Medium.

É no século XX, a partir da Primeira Guerra Mundial que o fotojornalismo começa a ter destaque. O conflito estimula grandes jornais, a exemplo do “The New York Times”, a ter a própria equipe de fotojornalistas. Em revistas como a “The Illustrated London News”, com a Primeira Guerra, a fotografia ganhou mais visibilidade, com várias primeiras páginas inclusive as primeiras com fotos do conflito.

Há um aumento considerável de pessoas optando por seguir a fotografia, com viés jornalístico. Os fotógrafos dessa época ficaram conhecidos como a geração de Solomon, nome vindo de Erich Solomon, um dos profissionais de maior destaque desse período. Por conta dele, o fotógrafo torna-se uma atividade profissional mais reconhecida e autoral.

Erich Solomon (1886-1944), criou a candid photography, fotografia não posada, sem protocolos, a mais natural possível, usada até hoje no fotojornalismo. Na década de 30, os fotógrafos Carl Mydans, Robert Capa, Heri Cartier Bressonv e Margaret Bourke-White foram os que mais se destacaram.

Henri Cartier Bresson (1908-2004) é considerado um dos mais importantes fotógrafos do século XX. Bresson define o momento que aperta o disparador como decisivo, criador do “momento decisivo”, o momento certo, que registra o verdadeiro sentido da foto.

Fotografia e História - Boris Kossoy

A fotografia foi uma das invenções do contexto pós-Revolução Industrial e teve um papel fundamental como possibilidade inovadora de informação, instrumento de apoio à pesquisa e também como forma de expressão artística. O mundo, a partir do século XX, se viu substituído por sua imagem fotográfica, tornando-se portátil e ilustrado. A história ganhava um novo documento.

A fotografia, porém, ainda não alcançou o status pleno de documento que no sentido tradicional, especifica apenas os escritos, manuscritos e impressos. Não haveria exagero em dizer que sempre existiu certo preconceito quanto à utilização da fotografia como fonte história ou instrumento de pesquisa. Duas razões poderiam ser especificadas: a primeira está ligada ao aprisionamento multissecular que temos à tradição escrita como forma de transmissão do saber; a segunda refere-se à resistência em aceitar, analisar e interpretar a informação quando esta não é transmitida segundo um sistema codificado de signos.

A invenção da fotografia possibilitou aos seres humanos o registro de momentos históricos que podem ser reavivados pelo poder documental da informação retida no papel. O autor do livro classifica a foto original como fonte primária de pesquisa histórica, já as reproduções são fontes secundárias, visto que são identificadas outras características que as diferem do original.

Boris Kossoy traz ao debate também pontos importantes que podem ser reveladores de determinada foto. Por exemplo, o fotógrafo como um filtro, já que seleciona o assunto, trata esteticamente a imagem, organiza os detalhes visuais e explora a tecnologia da época. Portanto, a fotografia representa uma segunda realidade, autônoma, um fragmento do passado, que retrata informações de um tempo e de seu idealizador. É um duplo testemunho com expressões das artes plásticas em conjunto ao conhecimento histórico.

Existem duas distinções principais que devem ser consideradas no estudo da fotografia. A primeira delas é a história da fotografia como objeto em si, e a segunda é a história de um país, ou de um povo, contada através da fotografia. A história vive em um processo de retroalimentação através da fotografia. As imagens servem do ponto de vista documental para aprofundar os estudos de determinadas áreas. Ao mesmo passo que estudar a história da própria fotografia como objeto, significa considerar a evolução tecnológica, estilos e tendência de cada época.

As imagens são as responsáveis por nós sabermos boa parte do passado. Elas ajudam a visualizar micro cenários que constituem a nossa história. Entretanto, para a fotografia ser considerada e apresentada como um documento são necessárias informações escritas sobre ela. A fotografia não é apenas uma imagem de uma determinada época e situação, é um documento de estudo da história da nossa sociedade, e por isso, é importante saber a data que foi feito o registro, o autor, o local, a tecnologia utilizada, entre outros.

Para serem descobertas todas as informações imagem pode refletir, é importante articular informações sobre sua própria gênese e história enquanto documento e dos procedimentos técnicos específicos utilizados. Essas informações, que podem ser obtidas mesmo muitos anos após a fotografia ter sido feita, são descobertas através do chamado estudo técnico-iconográfico.  O exame tem como objetivo principal identificar a determinação do assunto, local e época, fotógrafo e tecnologia que deram origem à fotografia. Desta maneira, para determinar todo o histórico fotográfico, vários pontos de análises são avaliados. Boris Kossoy lista sete pontos de observação. São eles: Referência Visual do Documento, Procedência, Conservação, Identificação, Informações referentes ao assunto, Informações referentes ao fotógrafo e Informações referentes à tecnologia.

Nos últimos anos ficaram bem visíveis o grande crescimento dos estudos a cerca da fotografia. Em décadas passadas encontravam-se poucas obras que fizessem referência a sua história, até que surgiu um interesse surpreendente por meados dos anos 60, onde a fotografia passa a ser vista enquanto forma de expressão artística, ocupando espaços importantes, abrindo o campo para publicações, ensino e pesquisas.

Posteriormente surgem elementos que possibilitam avaliar o desenvolvimento da história da fotografia, uma vez que estudos vão sendo reformulados, na busca de novos campos temáticos que possibilitam a investigação. Crescendo na América Latina a conscientização da importância da fotografia para o poder público e as instituições privadas como forma de preservação, conservação, catalogação dos patrimônios iconográficos.

A partir do momento em que houve a reprodução da fotografia nos jornais e revistas e inúmeras publicações ilustradas passaram a transmitir as imagens encomendadas dos fatos da história cotidiana do século XX, proporcionou o nascimento do fotojornalismo, dando a “abertura” a publicidade comercial moderna, que percorre o “caminho” do tão conhecido consumismo.  Por estar presente como meio de comunicação e expressão em todas as atividades humanas, a fotografia insere-se na história cultural.

Os estudiosos da fotografia vão estar sempre diante do fato dela ser um documento. As fotografias podem mostrar o real, mostrar como de fato eram os acontecimentos, por isso, sua importância diante de outros documentos.

A fotografia serve como instrumento visual (perpetua um determinado momento; prova um fato – mas é preciso ter cuidado, pois ela pode ser manipulada). Ela serve para recordação, documentação, informação, divulgação dos fatos expressão artística e como instrumento de pesquisa. Mas para que ela possa realmente auxiliar na pesquisa, é necessário que o pesquisador a contextualize para que ele entenda melhor o que a foto quer dizer.

As fotografias são o registro de momentos que jamais se repetirão mas que poderão ser vistos de várias em várias gerações.