terça-feira, 25 de novembro de 2008

Margaret Bourke-White

Nasceu em 14 de junho de 1904 em New York e cresceu em Bound Brook, New Jersey. O pai, Joseph White, era um ávido fotógrafo amador que revelava as suas fotos na banheira e em seguida as pendurava para secar por toda a casa. O fascínio de Bourke-White pelo mundo industrial data também da adolescência e foi-lhe transmitido também pelo pai, inventor e engenheiro de uma tipografia industrial. Por volta de 1912 ele levou-a a uma fundição: o drama e intensidade desta cena permaneceram na sua mente durante anos.

Bourke-White ingressou na Columbia University no outono de 1921 e na primavera teve aulas de fotografia com Clarence H. White, um dos maiores fotógrafos desse tempo. Durante o curso tomou contato com as teorias da composição de Arthur Wesley Dow's que se inspiravam no design moderno e nos princípios do abstracionismo. Ainda durante os estudos descobre que a fotografia pode dar lucro e subseqüentemente constrói a sua carreira baseada não só no seu talento como fotógrafa, mas também no seu entendimento de como as imagens podem contribuir para a identidade coletiva. Bourke-White muda-se para Cleveland em 1927, num período em que a cidade experimenta uma expansão industrial e econômica. Outras mulheres fotógrafas da época - Berenice Abbott, Imogen Cunningham e Dorothea Lange - começaram as suas carreiras como retratistas. Mas Bourke-White reconhecia cedo o poder da fotografia industrial quer como estética para os media, quer como proveitosa forma de lucro.

Pelos idos de 1928, as fotografias de Bourke-White apareciam em jornais e revistas por todos os Estados Unidos. Em 1929, Bourke-White foi convidada a tornar-se "fotógrafa estrela" da nova publicação de Luce, a revista Fortune. O plano de Luce era usar a fotografia para documentar todos os aspectos do negócio e da industria, algo que nunca havia sido tentado antes. A carreira de Bourke-White é inimaginável sem a sua relação com o império media de Luce. O seu estilo único, a sua engenhosa e impagável autopromoção numa época de admiração pelos self-made men e as suas fortunas, a sua veneração pela indústria ela própria e a sua homenagem fotográfica ao capitalismo e à tecnologia tornam-na a lente perfeita para ver através dos olhos de Luce.

Bourke-White mudou-se para Nova Iorque em 1930 e nesse mesmo ano é enviada para o estrangeiro para captar o rápido crescimento da indústria alemã. Maiores ambições para esta viagem conduzem-na à União Soviética com o marido Erskine Caldwell, país onde até então nenhum jornalista estrangeiro havia sido autorizado a documentar os progressos da indústria. A União Soviética havia construído mais de 1500 fábricas desde 1928 sobre as diretivas de um plano de industrialização rápida e Bourke-White tinha a intenção de registrar este crescimento em filme.

Bourke-White regressou aos Estados Unidos com uma maior simpatia pelo sofrimento do trabalhador americano. Em Julho de 1935 discute o seu desejo de desenvolver "uma técnica de foto realismo" com o editor da Fortune e explica "enquanto é muito importante tirar uma fotografia que cause uma forte impressão, de uma linha de fumos ou de uma coluna de dínamos, está-se a tornar cada vez mais importante refletir as vidas que passam por trás dessas fotografias."

Desejosa de combinar a sua habilidade de fotógrafa com uma crescente consciência social, a sua nova associação com Luce em 1936 fornece precisamente o escape, e Bourke-White tornou-se um dos quatro fotógrafos do staff da Life. A nova revista Life assume uma postura de interesse humano e a primeira missão de Bourke-White, em Outubro de 1936, foi fotografar a construção de Fort Peck Dam em New Deal, Montana. A edição inaugural utilizou a fotografia de Bourke-White do Dam na capa. Suas fotografias dariam o tom à revista durante anos.

Ela foi a primeira mulher correspondente de guerra, e a primeira a ser autorizada a trabalhar nas áreas de combate durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1941, viajou para a então União Soviética assim que a Alemanha quebrou seu pacto de não agressão. Bourke-White era a única fotógrafa estrangeira em Moscou quando as forças alemães invadiram o país. Se refugiando na Embaixada dos Estados Unidos, registrou alguns momentos importantes. Enquanto a guerra progredia, ela foi agregada a força aérea americana na África do Norte, na Itália e, posteriormente, Alemanha.
Na primavera de 1945, Margaret viajou durante o colapso da Alemanha com o general George S. Patton. Nesse período, chegou a Buchenwald, o notório campo de concentração. Atribuem a ela a seguinte citação: "Usar a câmera era quase um alívio. Ela formava uma tênue barreira entre mim e o horror a minha frente". Depois da guerra ela produziu um livro sobre a vivência, um projeto que a ajudou a retornar a vida cotidiana depois de toda a brutalidade que tinha testemunhado durante e depois da guerra.
Bourke-White tinha o dom de estar no lugar certo na hora certa: ela entrevistou e fotografou Mahatma Gandhi apenas algumas horas antes de ele ser assassinado. Eisenstaedt, seu amigo e colega de profissão, disse que uma de suas maiores qualidades era que não havia trabalho ou fotografia a que ela não desse importância. Também começou o primeiro laboratório de fotografia na Life.

Em 1956, Bourke-White foi diagnosticada como portadora da doença de Parkinson e gradualmente retira-se da fotografia profissional. Faleceu no Connecticut em 21 de Agosto de 1971 em complicações originadas por uma queda.


Fila para entrega de pão durante a enchente de Louisville, Kentucky, EUA - 1937


Dr. Kurt Lisso, tesoureiro da cidade de Leipzig, sua esposa e filha, depois de terem tomado veneno para não terem de se render as tropas dos EUA, Leipzig, Alemanha - 1945


Fabrica de Bandeiras, Brooklyn, New York, EUA - 24.07.1940


Gandhi - 1946


Mineiros de Johannesburgo, África do Sul 1959


Alunos da Juventude Nazista, Alemanha - 1938


Forte Peck Dam, Montana, EUA - 1936


Prisioneiros em Buchenwald, Alemanha - 1945


Presos em Buchenwald, Alemenha - 1945


Cidade de Nuremberg (Alemanha) destruida pela 2a Guerra Mundial - 1945

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