terça-feira, 26 de maio de 2009

Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental - Jorge Pedro Sousa - Capítulos I a XIII

Resenha do Livro - "Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental"
Autor: Jorge Pedro Sousa
Alunos de Fotojornalismo Unicap
Carlina Prestrello
Glauber Lemos
Inalda Thais Costa
Luciano Lima
Natália de Petribú


Em “Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental”, Jorge Pedro Sousa, conhecido e renomado intelectual português com estudos abrangentes aos diversos campos desta atividade, encara a difícil e instigante tarefa de analisar, à luz da razão, a história do fotojornalismo ocidental. Não se trata de uma simples descrição dos percursos da fotografia até o estado de “ente jornalístico”, mas sim de um trabalho de história social, em que a crítica assume o comando da interpretação do uso das técnicas de retratar em imagem acontecimentos históricos ao longo do século.
Tem-se, com isso, a busca intensa por uma amálgama entre condições objetivas e subjetivas da práxis do fotojornalismo. Essas condições são expressas, na obra de Pedro Sousa, tanto por uma detalhada e interessante evolução das técnicas fotográficas, do invento de Daguerre ao advento da indústria cultura, quanto por uma preocupação constante em deixar claro para o leitor que a fotografia não é composta apenas de elementos estéticos e de técnica, mas de interpretação subjetiva tanto de quem produz a foto quanto de quem a recebe como produto jornalístico e/ou artístico.
Desde o século XIX, quando em 1842 tem-se o registro de uma imagem impressa e veiculada em jornal de um desenho feito a partir de uma fotografia, percebemos a importância e a relevância da imagem, sobretudo da imagem fotográfica, para as publicações jornalísticas. Em tempos de jornalismo de opinião, quando a notícia ainda não era o principal produto dos jornais e configurava-se na Europa e nos Estados Unidos uma esfera pública burguesa, a fotografia era vista de forma estereotipada, sendo, portanto, uma mídia pouco presente nos jornais impressos.
A grande mudança ocorre nos Estados Unidos, quando fotos de conflitos bélicos em disputas territoriais com o México passam a ser divulgadas. Contribuindo para este desenvolvimento, passa-se a ter, a partir da segunda metade do século XIX, uma maior possibilidade de prática fotográfica, devido sobretudo ao surgimento de câmeras menores (mas ainda assim muito grandes). Ainda assim, a fotografia permanece constantemente relegada ao retrato. Somente no século XX, com a criação da candid photography por Erich Solomon, é que a fotografia ganhará o impulso necessário para a constituição do fotojornalismo como o conhecemos.
Outro fator de importância para a popularização do fotojornalismo no ocidente foi o interesse cada vez maior do público leitor e dos meios de comunicação nos grandes conflitos. A Primeira Guerra Mundial arrastou para a batalha, além de milhares de soldados, centenas de fotógrafos que arriscavam-se à procura de imagens de qualidade para ilustrar os periódicos daquela época. Segundo ilustra Jorge Pedro Sousa, é nesse período que os grandes jornais e revistas passam a ter seus textos ilustrados por fotografias que, mais do que simplesmente complementar as notícias com imagens dos fatos, devem ser dotadas de relevância para acrescentar aos textos detalhes importantes dos acontecimentos. Revistas como a Vu (francesa), Bild (soviética) e a The Illustrated London News (inglesa) e jornais como o The New York Times (americano) desenvolveram-se ao mesmo tempo em que popularizaram o fotojornalismo.
O advento do século XX trouxe-nos uma nova forma de encarar a sociedade ocidental. A técnica e a razão instrumentalizada triunfaram. A linha de produção nas fábricas modernas de automóveis metaforizava exatamente os novos significados das sociedades modernas. O mercado de bens simbólicos deixava suas características artesanais para trás e transformava-se em uma indústria cultural. Em meio a este turbilhão de acontecimentos, o fotojornalismo passou por mudanças significativas. Tornou-se cada vez mais expressivo o número de empresas jornalísticas que, para continuar concorrendo, viam-se obrigadas a creditar uma maior valorização ao uso de fotografias em suas matérias. Ademais, fotos de destaque retratando grandes fatos fizeram com que um número considerável de pessoas optasse pela fotografia como uma atividade de caráter jornalístico, em detrimento das atividades artísticas relacionadas à fotografia.
Esse conjunto de fatores, por conseguinte, propiciou a ascensão de um conjunto de fotógrafos que, a partir dos espaços abertos por Erich Solomon, tornaram-se profissionais de maior destaque e fizeram da profissão de fotógrafo uma atividade autoral e reconhecida. Como cita Sousa, em determinadas sessões do parlamento inglês não poderiam começar sem que houvesse, no local, a presença de um fotógrafo para retratar a importância dos acontecimentos que ali estavam por ocorrer.
Se, por um lado, o fotojornalismo passou a ser considerado atividade importante por aqueles indivíduos que tornavam-se notícia, por outro, condicionou o destaque histórico de figuras como os fotógrafos, , Heri Cartier-Bresson, Robert Capa e Margaret Bourke-White, que, a partir da década de 1930, contribuíram para o desenvolvimento do fotojornalismo no ocidente.

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