terça-feira, 3 de novembro de 2009

UMA HISTÓRIA CRÍTICA DO FOTOJORNALISMO OCIDENTAL AUTOR: PEDRO SOUZA

Grupo A: Andressa Anjos,Deijenane Gomes,Lorena Moura, Flávia Pereira, Francisco Gabriel.


1.INTRODUÇÃO
De acordo com Jorge Pedro Souza, no livro Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental, a história do fotojornalismo no ocidente poderia ser comparada a um quebra-cabeça com várias peças que se encaixam de modo a unir épocas e acontecimentos diversos. Para ilustrar as várias facetas do fotojornalismo, o autor utilizou-se do termo “uma história”, o que subentende a existência de várias versões sobre a evolução do trabalho fotográfico no jornalismo. Ao longo do livro, fica evidente Souza mostra sua versão dos fatos, a qual não deixa de ser importante para a compreensão do que aconteceu desde o aparecimento do fotojornalismo até os dias atuais.
As revoluções tecnológicas permitiram o surgimento não só da fotografia, como também do próprio fotojornalismo. De acordo com o autor, a evolução histórica mostra períodos de alternância entre objetividade e subjetividade, valor noticioso e estético, entre a pose e o privilégio do espontâneo. Como era capaz de capturar imagens, logo o fotojornalismo foi apresentado como um espelho da realidade, fato nem sempre aceito como unânime, mas que pôde dar um certo reconhecimento ao trabalho fotojornalístico, pelo menos, como uma representação da realidade.
A história do fotojornalismo no ocidente é a narrativa das evoluções tecnológicas que permitiram a captura de realidades, principalmente ao longo do século XIX, nos acontecimentos mais importantes. Foi, por exemplo, através das lentes de profissionais como Robert Capa e Henry Cartier-Bresson que o mundo pôde conhecer os grandes momentos históricos. O fotojornalismo assumiu o status de arte que reflete as várias realidades no momento em que acontecem, dessa forma, começou a desenvolver um papel importante como testemunha ocular no desenvolvimento histórico mundial.



2.UMA HISTÓRIA CRÍTICA DO FOTOJORNALISMO OCIDENTAL
A história do fotojornalismo no ocidente não pode ser apresentada de maneira uniforme, mas como uma história com vários expoentes. Por isso, o autor prefere interpretar a história de forma plural atentando para o fato de que foram momentos e épocas distintas que criaram o conceito de fotojornalismo.
O surgimento do fotojornalismo acontece no bojo das revoluções tecnológica que permitiram que os laboratórios de revelação pudessem ser carregados, literalmente, junto com os fotógrafos, o que permitiu o aparecimento de uma nova fase na história. Como a essência do fotojornalismo é o espontâneo, o fato de se carregar os aparatos necessários à revelação das fotografias muito contribuiu para o que se chegasse ao que é hoje.
As revistas especializadas em publicação de fotos, como a pioneira The Ilustrated London News, são os primeiros espaços para a exibição das fotografias jornalísticas, ainda em meados do século XIX. Exposições também passam a ser comuns, como a famosa The Family of Man, sem falar dos catálogos como o World Press Photo, que contribuíram para a consagração do fotojornalismo em sua trajetória.
O fotojornalismo assumiu um papel de espelho da realidade, com o registro de acontecimentos importantes, entre eles, a guerra. De fato, a história do fotojornalismo se inicia tendo como tema principal a guerra. Com as inovações tecnológicas, é possível que os profissionais possam chegar até os fronts de guerra pelo mundo. A princípio, as fotos das frentes de batalha eram bem diferentes do que se esperava delas, pois o que se via era uma romantização da realidade, uma vez que os fotógrafos costumavam registrar ou compor imagens dos generais em poses muito diferentes daquelas esperadas numa guerra. Depois da fase inicial, os repórteres fotográficos passaram a priorizar o espontâneo, o que também foi possível por causa das inovações tecnológicas. A partir deste momento, a guerra tornou-se o principal ambiente de trabalho do fotojornalismo. Por meio desta arte o mundo pôde tomar conhecimento do que ocorria nos conflitos.
É durante a evolução histórica do fotojornalismo que surgirão os fotógrafos consagrados como Robert Capa, Henry Cartier-Bresson e com estes, as grandes agências de fotojornalismo. As revistas especializadas em publicação de fotos são os primeiros espaços para a exibição destes materiais.
A publicação de trabalhos acadêmicos com o objetivo de analisar e tentar compreender a natureza do fotojornalismo ganhou espaço ao longo do século XIX. Antropólogos e sociólogos, como Becker (1978) e Worth (1981), levantaram questionamentos sobre a realidade apresentada pelo fotojornalismo, enquanto autores como Hardt (1991) e Brecheen-Kirkton (1991) não acreditavam na sua natureza documental.

O êxito do fotojornalismo começa a se configurar nos finais do século XIX e princípio do século XX. Nessa época, a procura da fotografia que retrata a atualidade tem um aumento importante. Em 1889, O British Journal of Photografy apresenta um arquivo de fotos da atualidade, depois dele, jornais revistas e agências fizeram o mesmo, por pressão. Hoje, as novas tecnologias facilitam a arquivamento fotográfico, permitindo, ainda, a conservação, a digitalização, o armazenamento em bancos de dados. As novas tecnologias facilitaram a manipulação imagética, e neste caso é importante que os fotojornalistas, arquivistas e outros profissionais sejam pautados pela honestidade, pela ética e pela deontologia.
Os últimos acontecimentos receberam cobertura fotográfica. Aqui, podem-se citar alguns deles no século XIX. A guerra franco-prussiana, entre 1870 e 1871, que trouxe os primeiros registros fotográficos de soldados em movimento, despontando a estética do movimento e o conceito de velocidade na fotografia. Merece destaque também a cobertura da Comuna de Paris (1871), cujas fotografias já foram usadas como provas de crimes de guerra.
Depois de várias experiências, ainda no século XVII, o jornal sueco Nordisk, publica foto com texto. Carl Carleman foi o inventor desse processo, que mostra o advento da imprensa com fotografia em outros países. Em 1877, a revista francesa Le Monde Illustré, “defendeu que só dessa forma a fotografia poderia penetrar massivamente no público e tornar-se o meio mais poderoso para elevar culturalmente a humanidade” (p.42). Outro avanço na história do fotojornalismo foi a experiência da cronofotografia do francês Etienne-Jules Marey (1830-1904). Quando estudava pela fotogrfia o movimento de pessoas e animais. Técnica que ficou conhecida como “Travagem”, também aprimorada pelo norte-americano Edward Muybridge (1830-1904). Nas últimas décadas do século XIX, as revistas de fotografias foram apresentadas em diversas partes do mundo. A primeira nessa categoria é a Illustrated American (1890).
Com as conquistas técnicas, nasceu um novo discurso fotojornalístico, a valorização da foto muito mais pelo fato de existirem do que pela qualidade com que se apresentam. O surgimento da fotografia nos jornais tirou a exclusividade do texto no veículo impresso, já que a fotografia estava presente para ilustrar – features. Nessa inovação e ocupação de espaço, surgiu a película fotográfica, em 1884, pelas mãos de George Eastman e W. Walker, uma inovação que facilitaria a vida dos fotojornalistas por dispensar o uso de pesadas chapas de vidro ou de metal. Depois disso, em 1888, Eastman inventa e fabrica a câmara Kodak, assim, a fotografia vai se democratizando. “A partir deste momento, deixam de ser necessários conhecimentos relativamente aprofundados sobre processos de revelação, impressão e composição imagética para ser fotógrafo” (p.45). Os amadores começam a fazer uso das máquinas portáteis, entre eles destaque para o pintor Jacques Henri Lartigue (1894-1986), que fotografou famílias francesas, dando surgimento a abstração fotográfica.
A partir de 1889, com a competição instalada por conta da cobertura da guerra hispano-americana, surge uma política de investimento que incentiva o uso do halftone – um método de impressão para simular uma imagem de tom contínuo por meio do uso de minúsculos pontos de diferentes tamanhos, igualmente espaçados, causando uma impressão de cor sólida –, o que coloca a fotografia entre os news médium. Crítica nascente a essa democratização é que a fotografia poderia passar para o modo sensacionalista de enxergar a realidade, posição defendida pelos mais conservadores. Com isso, nasce a definição yellow journalism e jornalismo sensacionalista. O freelance sai do reino Unido e se estabelece nos EUA. O maior nome desse trajeto é James Hare, que se tornou a estrela do fotojornalismo emergente.
Hare visava obter efeitos dramáticos, fosse em lutas de rua ou no avanço de exército americano nas batalhas de San Juan. Como um dos primeiros photoglobetrotters, Hare viajou por diversos países enfrentando diferentes situações de guerra. Com essa atividade e com a difusão de imagens nos jornais europeus, surgem os chamados repórteres fotográficos. “Com a disseminação do fotojornalismo, e beneficiando-se das suas abordagens do cotidiano, no sentido inverso dos amadores, que persistiam, constroem-se novas formas de representação da sociedade, caminhando para a familiaridade da aldeia global” (p.49).
A fotografia vai se impondo como meio de ilustração direta auxiliada pelo desenvolvimento da imprensa. O fotojornalismo encontra os meios para cobrir, com eficácia e em competição as guerras, os desastres naturais e o cotidiano da vida das pessoas.
Com a tecnologia, a fotografia ganha caráter de documentário e passa a exercer compromissos sociais a partir de temas referenciais. Os processos de reprodução tipográfica de fotografias ainda não eram os mais apropriados. Jornais e revistas teriam, ainda, que esperar alguns anos para essa adaptação. Alguns vestígios da fotografia, como documentação, podem ser vistos nas fotografias de viagens e de curiosidades do século passado, nas fotos de guerras e conquistas, sobretudo nos trabalhos de Gardner. Também nos levantamentos etnográficos dos índios norte-americanos, no final do século passado, por Edward Curtis (1868-1952). Na fotografia de intenção documental do colonialismo europeu na África e no oriente e, por fim nas obras dos fotógrafos da cultura social e nos pioneiros da fotografia humanística de Thomson e Adolphe Smith, que, hoje, pode-se apontar como seguidores com o fotógrafo Sebastião Salgado. “É interessante observar que o documentarismo social na imprensa (americana) nasce nos tablóides e não nos jornais mais sérios e revistas ilustradas” (p.55).
O século XX traz novas ideologias políticas, mais consciência social da realidade. Outra marca é a luta pela justiça social, a luta pelos direitos e pela consciência de cidadania. Com isso, também chegam à consolidação da indústria e o entusiasmo pela técnica. Nesse período, solidificam-se os registros fotográficos de Arthur Barret, um dos nomes de referência nesse contexto. O início do século, na fotografia, ficou ainda associado ao movimento da Photo Secession, que procurava abrir caminhos mais realistas e precisos para o médium. Nesses períodos da evolução da fotografia não se pode descartar a responsabilidade do fotógrafo que, além da técnica, tenta buscar a neutralidade fazendo valer os princípios do jornalismo ético e comprometido com a verdade.
Os fotógrafos dessa ideologia defendiam que imagens fotográficas também fossem vistas com um instrumento válido para manifestar sentimentos humanos. Aqui, destacam-se Alfred Tieglitz (1864-1946) e Paul Strand (1890-1976). Uma das características desse novo momento foi tratamento da fotografia a partir da objetividade, decorrente da abordagem realista do real preconizada pela straight photography, o que justifica a pressão política sobre os fotógrafos para que o inconveniente das forças políticas não fosse mostrado, mantendo mascarada a realidade e dissimulada as contradições dos regimes totalitários.

Como já foi dito, no final do século XIX, os jornais estavam atrasados na utilização da fotografia. Somente no início do século XX, a mídia impressa passou a ilustrar suas páginas com imagens fotográficas. A partir desse momento, com o aumento da procura da fotografia pela imprensa, aumentou-se o número de fotojornalistas. Mas isso, ainda não significava o reconhecimento total e definitivo da profissão, pois existia a idéia de que o fotojornalismo servia apenas como ilustração. O que, para Pedro Souza, denunciava a falta de cultura fotográfica e revelava o desconhecimento sobre as virtualidades informativas, interpretativas e contextualizadoras do fotojornalismo.
A Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) produziu um enorme fluxo de fotografias, o que permitiu aos grandes jornais formar equipes próprias de profissionais. Porém, durante o conflito, em muitos momentos, a fotografia serviu à manipulação e à propaganda, com o objetivo de controlar a população por meio do direcionamento do olhar. Foi nesse período, por exemplo, que a França criou o Serviço Fotográfico do Exército que registrava e controlava a disseminação das imagens dos campos de batalha. Após a Guerra, com o surgimento de revistas ilustradas e das agências fotográficas independentes, a forma como texto e imagem passaram a se articular permitiu que trabalho fotojornalístico fosse visto, sobretudo na Alemanha, com propriedade.
Em meados da década de 20, pode-se citar o surgimento de alguns fatores como determinantes para o desenvolvimento do fotojornalismo moderno: a aparição de novos flashes e a comercialização das câmeras 35mm; o aumento de interesse dos foto-repórteres; a atitude experimental e de colaboração intensa entre fotojornalistas, editores e proprietários das revistas ilustradas para promover o aparecimento e a difusão da candid photography – tendo como progenitor Erich Solomon, trata-se da fotografia não posada, não protocolar, de certa forma, natural e reveladora. Assim, pela primeira vez, privilegiava-se a imagem em detrimento do texto. Porém, a ascensão de Hitler ao poder provocou um colapso no fotojornalismo alemão, pois muitos profissionais de oposição fugiram do país para não serem presos. Em contraposição, tal fator foi essencial por permitir a difusão das concepções do fotojornalismo da Alemanha em outros países.
No final dos anos 20, uma série de novas conquistas técnicas fez com que o fotojornalismo se consagrasse: o aparecimento do sistema reflex de duas objetivas, em 1929; o surgimento do sistema reflex de uma única objetiva, em 1933, que permitia enquadramentos mais exatos, facilitava a focagem e permitia ao fotógrafo maior concentração no tema; obtenção do filme se sensibilidade ISO 100, em 1936, pela Agfa.
Com o reconhecimento e a honorabilidade do fotojornalismo, veículos de imprensa aproveitaram as fotografias para modificar e melhorar o aspecto gráfico do material publicado, o que obrigou os profissionais a refletirem suas produções, tornando comum o trabalho de sequências fotográficas, foto-reportagens e foto-ensaios.
Henry Cartier-Bresson foi um dos fotógrafos inovadores da década de 30. Fundador da Agência Magnun, juntamente com outros fotógrafos, Bresson se tornou um dos exemplos mais perfeitos da aliança entre a arte e o elemento informativo imagético, por conseguir eternizar numa fotografia os instantes em que a representação da vida se condensava. Seu olhar fotográfico revelava a responsabilidade de um fotógrafo consciente em relação à influência que suas imagens poderiam adquirir. Outro grande fotógrafo desta época foi David Douglas Duncan, profissional de guerra que começou a carreira de forma inesperada ao fotografar, acidentalmente, um famoso gangster.
Em 1928, o francês Lucien Vogel criou a Revista Vu que se baseiou na inter-relação de complementaridade entre fotografia e texto, ambos de extrema qualidade. Porém, por volta de 1936, Voguel foi obrigado a se demitir devido a publicações esquerdistas (contrárias às ideologias dos patrocinadores da revista), como a da célebre fotografia de Robert Capa, Morte de um soldado republicano. Esta imagem, que retrata a Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939), marcou o fotojornalismo de guerra e consagrou a máxima de que se a fotografia não é boa, é porque o fotógrafo não estava suficientemente perto.
Nesse período, o fotojornalismo se firmou como vetor integrante da imprensa moderna. Na Europa, enquanto o foto-ensaio enveredava pelas revistas ilustradas, nos EUA foi, principalmente, os jornais diários que proporcionaram importantes mudanças para o futuro da atividade.
Assim como na Europa, diversos fatores pessoais, sociais e culturais do fotojornalismo permitiram mudanças nos jornais diários norte-americanos: o poder de atração e popularidade das fotografias; as práticas documentais, que mostraram como as fotos podem ser usadas para fins sociais através da imprensa; a compreensão da imagem como fator de legibilidade e acessibilidade aos textos; as mudanças notórias no design dos jornais; aumento de interesse dos fotógrafos; elevação definitiva do fotojornalismo à condição de subcampo da imprensa; introdução de tecnologias inovadoras como câmeras menores, teleobjetivas, filme rápido e o uso de telefotos.
A introdução da telefoto (sistema de transmissão de fotografias por meio de telégrafos) pela Associated Press tornou possível a utilização da fotografia como um meio eficaz de informação, apesar de ter disseminado a repetição de imagens nos jornais e revistas.
Na América da depressão, nos anos 30, o presidente Franklin Delano Roosevelt, controlou o trabalho dos fotojornalistas através do programa do New Deal, que tinha como objetivo recuperar e reformar a economia norte-americana após a depressão. Com o desenvolvimento do Farm Security Administration (FSA), para lidar com reformas rurais, foi criado um departamento fotográfico que, aos poucos, tornou-se arma importante para despertar as consciências sociais. O projeto da FSA trazia um sentido crítico e denunciante às fotografias, por isso obteve grande repercussão e divulgação sendo considerado o primeiro indício do que viria a ser o documentarismo fotográfico. Apesar disso, os materiais desse projeto não satisfizeram totalmente a idéia jornalística de “testemunho”, afinal tratava-se de um trabalho propagandístico e político, que pretendeu divulgar uma visão estereotipada e positiva do homem rural norte-americano.
Na Europa e nos EUA, a nova percepção das potencialidades do fotojornalismo originou modificações no design da imprensa, nos processos produtivos fotojornalísticos e no aproveitamento das fotografias de modo geral. De um jornalismo que, no século XIX, centrava-se no texto impresso, considerando as fotografias como item intruso, passou-se, nos anos 30, ao aproveitamento do seu conteúdo informativo e visual. Adquiriu-se a idéia de que plasticidade, arte e autoria deveriam conciliar com uma profunda ambição documental, que se poderia traduzir em qualidade.

Entre as décadas de 20 e 40, o fotojornalismo evoluiu, principalmente, nos EUA. Isso se deve ao advento da telefoto, da emigração de fotojornalistas e editores europeus, que fugiram da Alemanha de Hitler, para os Estados Unidos e à crescente transnacionalização das culturas e da economia. No campo técnico, a invenção mais significativa foi a do fotômetro, no inicio dos anos 40.
O fornecimento de fotografias da guerra para a imprensa norte-americana era feito pelo exército alemão, se não fosse censurada pelo governo. A Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) serviu para que a imprensa atentasse para o grande poder que as fotografias possuem: em algumas situações a informação visual torna-se mais impactante que a textual.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, foi a vez da Guerra Fria (1945 a 1991) permitir o surgimento de novas tendências: a fotografia de caráter humanista (testemunhal); fotografia de “livre expressão”, que permitiu um dinamismo libertador como a criação pessoal da realidade e da foto como pura criação; a fotografia como “verdade interior” do fotografo, testemunha dos seus gostos e inclinações.
The Family of Man é a exposição de Edward Steiches, que celebrou a fotografia humanista universal. Foram mais de 500 fotos sobre a vida do homem, desde o seu nascimento até a morte. O objetivo era mostrar que somos todos iguais e que fazemos parte de uma única família.
Em 1956, foi criado o World Press Photo para mostrar a importância das fotografias e como conseqüência dos próprios fotojornalistas. As categorias premiadas foram: foto do ano, cotidiano, retrato, deporto, natureza, artes, ciências, instantâneas e reportagens. Com todos esses avanços, nada mais justo do que o fotógrafo ter propriedade sobre suas fotos, o que acontece em 1947. Além dessa propriedade, o profissional passa também a ter direito de assinatura da obra e controle de edição. Dessa forma, o fotógrafo afirma-se como um “mediador consciente”.

Nos anos 60, tudo parecia acontecer ao mesmo tempo. No fotojornalismo a mudança parecia mesmo ter acontecido com a industrialização da fotografia e sua capacidade de transmitir o acontecimento. As fotos, naquela época, também serviu para criar na população uma corrente contrária à guerra.
Mas é durante a Guerra do Vietnã (1959 a 1975) que ocorreu a segunda revolução no fotojornalismo. Revistas como a Life e a Look desapareceram do mercado diante do surgimento das ofertas da televisão e do encarecimento de produção. A Europa, especificamente a França, reagiu contra o domínio americano no fotojornalismo criando agências como a Sygma. Esta, juntamente com a Gama e a Sipa, especializaram-se em coberturas de situações violentas, entre outras de nome de peso.
Foi com a Guerra do Vietnã que a profissão de fotojornalista se multiplicou nos EUA e na Europa. Porém, os militares sentindo a força do fotojornalismo fizeram com que muitos deixassem de lado a cobertura bélica. Logo em seguida, o design gráfico ganhou destaque na imprensa graças ao domínio produtivo das agências noticiosas com a seção de fotografias.
Nos anos 80, o fotojornalismo começou a sentir as primeiras limitações da profissão. Finalmente, a fotografia entrou com força no mercado das artes assim como no ensino superior. Ampliaram-se os estudos sobre a fotografia e multiplicaram-se os interesses pelos ensaios. Foi também nessa época, que a fotografia dita de “comoção sensível” ganhou notoriedade. Caracterizada por imagens que exprimem dor e violência, morte e fome, são as fotografias mais premiadas. Sob inegável influência da televisão, as fotos foram ficando coloridas.
Ainda neste período, o mundo foi dominado pela câmera fotográfica, o que dificultou os limites do fotojornalismo, agravado pela qualidade da fotografia amadora que despertou interesse jornalístico de jornais e revistas. As revistas se renovaram com o uso da imagem fotográfica, proporcionando maior espaço na publicação.
Com a proliferação dos computadores, os fotógrafos começaram a tratar as imagens, facilitando assim o trabalho. Porém, com o aparecimento de novas tecnologias, esses profissionais se sentiram ameaçados, como se perdessem o controle sobre suas produções. Mas, com um discurso efetivo o controle sobre seu trabalho passou a ser um imperativo ético.
Por volta dos anos 90, o fotojornalismo viveu seu grande período revolucionário em que o processo de manipulação e a geração de imagens pelo computador fizeram com que fosse colocada em dúvida a relação fotografia e reprodução da realidade. Começa-se, mais profundamente, a pensar no fotojornalista como um elemento denunciador em potencial da realidade, surgindo, assim, a necessidade de se guiar o profissional, de modo a limitar seu espaço de atuação e conseqüente denúncia.
A produção da fotografia jornalística buscava apenas o imediatismo e não o desenvolvimento dos fatos. Este ganha espaço com o fotojornalismo de autor, amplamente estimulado pela Agência Magnum, ganhando, além de adeptos, prestígio. Porém, a “foto-choque” perde espaço para a “foto do glamour”, da ilustração. Merecem destaque, nesse âmbito, as agências de fotógrafos e não de fotografias, as quais consagram o autor e seu projeto.
Com o barateamento das tecnologias, a fotografia digital ganhou força e popularidade. Grandes empresas lançaram e continuam a lançar no mercado altas tecnologias no que se refere a armazenamento, edição, visualização e manipulação de imagens, reacendendo o debate sobre a função da fotografia para referenciar a realidade. Editores, rotineiramente, manipulam digitalmente as fotografias que estampam as capas de revistas e livros, pois elas serão vistas mais como ilustração do que como documento. Nesse ponto reside todo o questionamento.
Com tanta tecnologia, torna-se difícil afirmar categoricamente se a fotografia é ou não original, se foi ou não manipulada. Tal faceta, porém, não é de hoje. Dessa forma, o que se deve levar em consideração é que tal manipulação poderá deixar uma falsa realidade. Com os avanços tecnológicos, as fotografias digitais tomarão por certo o espaço das analógicas num futuro próximo e num processo irreversível.

3.CONCLUSÃO
Enxergar a história do fotojornalismo ocidental apenas por uma ótica, ou seja, de maneira simplista, não deve ser uma escolha adequada àquele que pretende compreender de modo verídico a evolução histórica desse processo. É necessário observar todas as nuances presentes na evolução do fotojornalismo, desde seu início, ainda no século XIX, até os dias atuais.
A história do fotojornalismo no ocidente é fruto da evolução tecnológica da humanidade a qual tornou possível o sonho de captar acontecimentos históricos no momento em que acontecem. Além disso, a evolução tecnológica proporcionou o surgimento de técnicas laboratoriais sem as quais seria impossível que o fotojornalismo pudesse ser o que é hoje.
Em suma, a história do fotojornalismo deve ser compreendida sob de pontos de vistas distintos, uma vez que foram diferentes situações, em épocas diversas, que contribuíram para a construção desse mosaico histórico chamado fotojornalismo ocidental.

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