terça-feira, 18 de novembro de 2008

Marc Ferrez


Marc Ferrez (Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1843 — Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1923) foi um fotógrafo franco-brasileiro. Retratou cenas dos períodos do Império e início da República, entre 1865 e 1918, sendo que seu trabalho é um dos mais importantes legados visuais daquelas épocas.
Suas obras retratam o cotidiano brasileiro na segunda metade do século XIX, principalmente da cidade do Rio de Janeiro, capital brasileira na época. Há fotos da floresta da Tijuca, da praia de Botafogo, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, da ilha das Cobras, focadas nas imagens urbanas de uma cidade que começava a se expandir, num período anterior à reurbanização empreendida pelo prefeito Francisco Pereira Passos, no início do século XX.
Seu sucessor no período histórico e em importância foi o alagoano Augusto Malta.

HISTÓRIA
Era filho de Alexandrine Caroline Chevalier e de Zéphyrin Ferrez, gravador de medalhas e escultor vindo como membro da Missão Artística Francesa e sobrinho de Marc Ferrez, também integrante da mesma missão, de quem recebeu o nome. Era o mais jovem da família que contava com mais quatro irmãs e um irmão, ficou órfão de ambos os pais aos sete anos. Após isso, foi mandado para a França, onde estudou até a adolescência e retornou ao Brasil.
Quando retornou passou a trabalhar na casa Leuzinger, uma papelaria e tipografia que tinha uma seção de fotografia, onde aprendeu as técnicas fotográficas com o alemão Franz Keller. Aos 21 anos abriu a firma Marc Ferrez & Cia., um estúdio fotográfico que o colocou entre os principais profissionais da corte.
A despeito da produção de retratos ser mais rentável e escolhida pelos demais fotógrafos da corte, ele preferia fazer vistas e fotos de paisagens do Brasil. Preocupava-se também em aprimorar seu ofício, e por este motivo interessava-se pela física e pela química, e colocava-se a par das últimas novidades técnicas importando equipamentos da Europa.
Em 1873, um incêndio destruiu sua loja que também servia de residência. Ferrez foi à Europa, para readquirir materiais e equipamentos especializados para continuar a exercer seu ofício. Retornando ao Brasil, em 1875, integra-se como fotógrafo à Comissão Geológica do Império do Brasil, que era chefiada pelo geólogo e geógrafo canadense Charles Frederick Hartt. Ferrez foi o primeiro a fotografar os índios botocudos, na selva no sul da Bahia.
Retornando da expedição, passa a viajar e fotografar as principais cidades brasileiras, ainda assim com destaque para a capital do país.
Participou de diversas exposições nacionais e internacionais, sendo premiado com medalhas de ouro em Filadélfia (1876) e Paris (1878). Aos 41 anos, é ordenado cavaleiro da Ordem da Rosa por D. Pedro II.

TRABALHO
Marc Ferrez foi o único profissional de fotografia que recebeu o título de "Photographo da Marinha Imperial", em 1880.
Ele trouxe diversas inovações tecnológicas, entre elas, introduziu no mercado as primeiras chapas secas dos irmãos Lumière, foi o primeiro a utilizar o flash de magnésio, que usou para fotografar as minas da região de Morro Velho em Minas Gerais, produziu as maiores chapas coloidais panorâmicas do mundo, com 40cm por 120 cm, retratando paisagens brasileiras, em 1881.
Apesar de adotar mais a temática da paisagem, foi também um importante retratista, incluindo aí, fotos dos membros da família imperial brasileira, pois em 1886, realizou uma série de retratos da Princesa Isabel no Palácio das Laranjeiras.
Entre as suas publicações se encontra o Álbum da Avenida Central, onde retratou a construção da atual Avenida Rio Branco, no Rio de janeiro, entre 1903 e 1906.
Marc Ferrez estendeu seu interesse também ao cinema e abriu, em 1907, o cinema Pathé, na cidade do Rio de Janeiro.
Seu acervo, adquirido em 1998 pelo Instituto Moreira Salles(IMS), do seu neto, o historiador Gilberto Ferrez, soma mais de 5.500 imagens, sendo quatro mil negativos originais de vidro. Desde então, o IMS passou a organizar um trabalho de recuperação e pesquisa, cuja mostra, "O Brasil de Marc Ferrez - Fotografias do Acervo do Instituto Moreira Salles", reúne grande parte de sua obra (350 imagens, entre fotografias e originais) e foi apresentada ao público do Rio de Janeiro e no Museu Carnavalet, em Paris (França), no ano de 2005. Esta mostra também foi apresentada nas cidades de Poços de Caldas, Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte.



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